domingo, 29 de abril de 2012

O Nada

Era tão velho, que ninguém o notava
Era tão triste, que ninguém o chorava
Era tão fúnebre, que ninguém o cantava
Era tão desconsolado, que ninguém o consolava.


Era tão medíocre, qual a própria mediocridade.
Era tão infeliz, qual a própria infelicidade.
Era tão incapaz , qual a própria incapacidade.
Era tão involuntário, qual a própria involuntariedade.


Não sabia nada fazer,
Não sabia nada dizer,
Não sabia rezar para morrer.


E, mais do que nada, ele era
Mas ser nada, era ser alguém,
Ainda que insípido, Ainda que despercebido.

Amor de musa


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Estou aqui meu amor
Esperando e dançando 
Com forme a musica toca


Vem, não demore 
Se não batida muda
E fico em outra musica


Estou aqui meu amor
Dançando com a batida
E queimando a eterna noite


Só não demore 
Se não batida muda
E eu fico em outra musica! 


domingo, 1 de abril de 2012

Cortar o tempo


Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.


Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.


Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente



DESEJOS



Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
eSábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
eNem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
eTocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.






A Garota que eu amo



A garota que eu amo 
é como um sonho em dia de verão,
capaz de fazer resplandecer o Sol em céu de tempestade com um simples olhar seu.


A garota que eu amo 
fala tudo ao contrário, vive rindo à toa
e gosta de ouvir mil vezes a mesma coisa


A garota que eu amo
é sincera, humilde e companheira
e às vezes se chateia se eu não fico com ela até não mais poder


A garota que eu amo 
tem um jeito todo especial de encantar, 
maravilhar e de ser


A garota que eu amo não me ama
mas eu à amarei sempre 
Eternamente...









.



Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" para ser insignificante.



José


Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?